O evento contou com a participação de 11 investigadores convidados, provenientes de instituições da Espanha, Alemanha, Israel, França, Portugal e Reino Unido, todos com uma trajetória de pesquisa consolidada sobre a temática em discussão.
Durante dia e meio, os participantes apresentaram os últimos avanços das suas investigações. Francisco Díaz Marcilla abriu o workshop com a apresentação de metodologias e mecanismos de interpretação da conversão religiosa. Tendo por base essa estrutura metodológica, os temas discutidos, seguidamente, incluíram: o papel das mães nos processos de conversão ao Islão, no século VII (Uriel Simonsohn, Universidade de Haifa); exemplos concretos de consequências socioeconómicas da conversão, entre os quais Castela Medieval (Ana Echevarria Arsuaga, UNED), entre os escravos e cativos da Coroa de Aragão (Roser Salicrú, CSIC) e na Roma do século XVI (Isabelle Poutrin, U. Reims Champagne-Ardennes); as diferentes atitudes institucionais em relação à conversão, incluindo batismos em massa na Bulgária do século XI (Nora Berend, Universidade de Cambridge); conversões nos estágios iniciais do Al-Andalus (Jesús Lorenzo, Universidade do País Basco) e as ações das ordens militares na Península Ibérica (Clara Almagro Vidal). Foi, também, abordada a receção intelectual dos convertidos, tanto nos textos catequéticos da Granada do século XVI (Davide Scotto, Goethe Universität Frankfurt am Main), como entre os judeus conversos em Portugal no século XVII (José Alberto da Silva Tavim, Universidade de Lisboa).
Essas contribuições fomentaram discussões animadas que revelaram pontos comuns e diferenças, no âmbito da enorme variedade casuística dos processos de conversão. Debateu-se a influência de fatores externos e os instrumentos aplicados, ou não aplicados, para facilitar a transição de uma religião para outra, desde um ponto de vista espiritual, mas também nos campos social, politico ou económico. Foram abordados exemplos que incluíam conversões do judaísmo e do islamismo para o cristianismo, e do cristianismo para o islamismo. Discutiram-se, ainda, as diferentes dimensões dos processos de conversão e a complexidade da distinção entre elas, com base em testemunhos escritos e fontes arqueológicas. O amplo intervalo de tempo, os distintos contextos e geografias dos casos apresentados, permitiram deliberar sobre a polissemia do termo “conversão” e as transformações a que esta esteve sujeita, ao longo do tempo.